A verdade sobre as escolas de Inglês em Dublin

Grade parte dos Brasileiros - senão a sua totalidade - investem em programas de intercâmbio na crença de que a vivência em um ambiente diverso e a miscigenação de culturas, atrelada ao viver cotidiano de uma cidade de lingua inglesa alavancará seu processo de aprendizado.

De fato, a premissa é verdadeira. É vantajosa a alternativa de imergir por completo num universo estrangeiro, onde o dia a dia auxilia o estudante a paulatinamente absorver o ensino pela repetição forçada do uso da lingua que se dispõe a aprender. Neste prisma, a escola de idiomas exerce um papel fundamental, pois ela além de fornecer as ferramentas indispensáveis, fará o link entre o intercambista e o ambiente social novo, proporcionando pela interação cultural derivada da multiplicidade de nacionalidades em sala de aula.

Neste ponto, o aluno Brasileiro - que escolheu a capital Irlandesa e acaba de chegar em Dublin - emerge numa total ânsia em ser inserido naquele contexto. Sobretudo a submissão ao teste de conhecimentos (todas as escolas usam este parâmetro) e efetivamente inciar as aulas, pois o objetivo é comecar a estudar o quanto antes, e adquirir fluência em - via de regra - seis meses.

Tal ansiedade é frustrada quando o intercambista depara-se com a nacionalidade dos alunos que frequentam as tais escolas. Na realidade, 75% destes alunos são Brasileiros. O português é definitivamente o idioma mais falados nestas escolas.

Lucas Berini é um deles (O estudante concordou em ter sua opnião divulgada desde que os seus dados fossem preservados):

"Tomei um susto ao chegar. Imaginava que encontraria mais alunos estrangeiros na sala de aula, mas aqui parece que todo mundo é Brasileiro. O que menos se fala aqui é inglês." Ressalta.

A frustração é a tônica de grande parte dos estudantes que aqui chegam. A saturação proporcionada pela facilidade na emissão do visto estudantil fez com que Dublin se tornasse uma cidade tomada por Brasileiros e que com isso, fomentasse o mercado formal de escolas de idiomas. Embora não voltadas para o publico Brasileiro, estas fora tomadas por estes.

"As pessoas tentam evitar, mas não tem como. O seu cérebro fica confuso, pois você imagina que mudando para uma cidade europeia e matriculando-se em uma escola de idiomas iria encontrar muitos estudantes estrangeiros, mas todo mundo parece falar português por aqui. Até os funcionários. É um pouco constrangedor." Diz o estudante Brasileiro que está na ilha a pouco mais de 3 meses.

As turmas, geralmente com 15 - 16 alunos são majoritariamente formadas por Brasileiros. As aulas costumam ocupar o periodo matutino, embora existam escolas - a mais famosa destas como exemplo - que adote o periodo vespertino para demandar suas aulas. Os professores, em sua maioria Irlandeses, possuem o sotaque caracteristico Dubliner, o que dificulta o entendimento de certas palavras.

Por ocuparem uma região predominantemente central de Dublin, as instalacões destas escolas apresentam problemas estruturais comuns a idade dos prédios da cidade. Não é culpa destas escolas de fato. Entretanto, o pouco investimento em mobiliário faz com que as salas tornem-se lotadas caso todos os estudantes decidam comparecer as aulas. O que efetivamente não acontece. É corriqueiro que muitos estudantes não deem importância a frequencia escolar, pela quantidade de Brasileiros em sala de aula. Também é comum a partir do primeiro ou segundo mês que estudantes frequentem as escolas apenas dois dias semanais, embora a escola disponha o periodo integral da semana em aulas. 

 

"Prefiro ir a Diceys Garden* ou a algum pub. Aprendo mais em casa com meus flatmates** ou assistindo aulas pelo Youtube. É muito Brasileiro, parece uma escola no nosso País." Diz Berini, cuja sala de aula possui 12 alunos, sendo 9 Brasileiros e 3 Venezuelanos.

De fato, avisos pelos corredores estimulam o uso da lingua inglesa

Outra grande dificuldade do Intercambista quando pretende vir para Dublin é a ideia de que regressará com o inglês fluente ao Brasil. 

A verdade é que dificilmente um estudante atingirá tal fluência em 12 meses. Os motivos são aparentemente em alguns casos um baixo nível de domínio em sua própria lingua mater, o que inviabiliza o domínio de um segundo idioma. De fato, o esforço não obsta que a pessoa estude, dedique-se e aprenda o máximo que for possível. 

Tais escolas oferecem ao Intercambista um conhecimento básico, entretanto insuficiente para a aquisição da fluência verbal. O que torna mais ainda dificl com o quantitativo de Brasileiros em instituições de ensino no Grande Centro. Estimamos cerca de 90% dos brasileiros em Dublin, que chegaram aqui sem saber nada de inglês, voltam para o Brasil ser ter a fluência do idioma. 

Ademais, não custa ressaltar que na região central de Dublin, onde fica sediada a maior parte das escolas, o que mais ouve-se nas ruas são os idiomas Português, Espanhol e Arabe. Um pouco de Coreano/Chinês tambem. O único inglês que o aluno poderá ouvir é o pronunciado por atendentes de lojas e restaurantes. É esta a cidade que você pretende vir.

O material escolar desta escolas apresenta defasagem. Outro ponto não informado ao aluno é o de que ele custeará o material por suas proprias expensas. Isso significa dizer que o custo do material não encontra-se incluido no pacote da escola. Os livros, para serem adquiridos custam em média de 45 a 60 euros. Existem escolas que fornecem os livros, mediante a caução de 30 euros, onde ao final de cada bimestre o aluno recebe de volta 20 euros, embolsando a escola 10 euros pelo emprestimo do livro. Uma realidade omitida por todos aqueles que tem a omissão de informações como dogma nescessário para a vinda de mais e mais estudantes para cá.

É frequente muitas escolas apresentarem problemas estruturais e de organização. Estudantes permanecem aguardando duas ou até três semanas para o inicio de suas aulas, pela escola aguardar a chegada de mais alunos e com isso, poder fechar as turmas. Há uma destas escolas - na Parnell Street -  que certa feita recusou-se a entregar a documentação de um de seus alunos para que este pudesse abrir a conta bancária e a emissão do visto estudantil junto a Garda pelo fato da agência de intercambio não ter repassado o total acordado pago pelo aluno. Essa mesma escola tem turmas exclusivamente compostas por Brasileiros.

O objetivo deste Blog não é desanimar a ninguém. Entretanto falsear a realidade para ganhar "uns trocados" incutindo falsas esperanças em quem encontra-se pesquisando um destino para a pratica e o aprendizado não é legal. E é isso que muitas escolas de idiomas - gerenciada parcialmente por Brasileiros - empresas de intercambio e blogs especializados fazem. Transformando e-groups e sites da web num mercado imoral da venda da surrealidade. Ao final, como muitos, o valor investido em retorno ao aprendizado não costumam ser os mesmos da espactativa alçada. 

Para aqueles que, ainda assim pretendem vir para a cidade, o conselho é o de que sejam focados, apliquem-se, visitem bibliotecas, não se envolvam com brasileiros - embora seja praticamente impossivel e evite a noite em Baladas Irlandesas

Nosso conselho maior, se ainda assim o Intercambista estiver decido a vir é fazer o que ninguém te fala: Comprar a passagem sem o auxílio de uma agencia de intercambio e, como turista, aqui chegando aqui visite escolas, assista aulas e escolha a que melhor lhe convier. Depois disso, o visto pode ser aplicado normalmente como estudante.

Não é verdadeira a informação de que para o ingresso no país é necessário o seguro de saúde obrigatorio pois como turista este é desnecessáro. Para a renovação do visto inclusive é necessária a compra de um seguro governamental vendido aqui mesmo na Irlanda.

Tanto agências de intercâmbio como escolas e seus divulgadores jamais comentariam isso. Pois tais escolas, péssimas por sinal, assim sobrevivem.

Por fim, como livrar-se dos brasileiros: Alugue casa ou apartamento distante do centro, onde tem menos estrangeiros e mais nativos.

* - Diceys Garden é um dos Pubs mais frequentados por Brasileiros em Dublin.

** - Flatmates: Colegas de quarto.